domingo, 20 de fevereiro de 2011

Investimento em infraestrutura pressupõe passar o trator nas questóes ambientais?

Matéria publicada em O Estado de S.Paulo ( 20/02/2011) traz uma macro abordagem sobre as principais obras que deixam os ambientalistas de cabelos em pé ainda mais agora com o choque de gestão propalado pelo Governo no sentido de agilizar os processos de licenciamento ambiental.
Que é preciso um choque de gestáo há muito tempo neste país náo há dúvida alguma. Mas o que deixa me espanta mesmo é a falta de um olhar crítico sobre o tema e a necessidade de planejar o desenvolvimento brasileiro levando em consideração a necessidade de implantar o quanto antes uma economia verde no país. Vamos imaginar que Belo Monte, a ligaçao do Rodoanel com a Fernáo Dias e o aeroporto de Guarulhos, Porto Açu no Rio de Janeiro e outros projetos fossem aprovados a toque de caixa porque são indutores importantes de desenvolvimento. Sem prestar muita atençao às questóes de sustentabilidade destes projetos olhariamos daqui a alguns anos para trás e veriamos o mesmo cenário que vemos hoje. Ou seja, obras que destruíram patrimonios naturais importantes e que têm um tempo de vida relativamente curto se compararmos com as riquezas naturais dizimadas sem qualquer critério. Qual o custo disso? Todos concordam que há de haver critério mas qual será esse critério? Afinal quanto as questóes da sustentabilidade pesam na balança do desenvolvimento? Estas sào as perguntas que temos que enfrentar se quisermos ser um país desenvolvido em médio prazo.
Estamos no início de uma transiçao importante para a economia verde. Ontem, na reunião preparatória da Rio+20 em Nairobi, com a presença inclusive da ministra do Meio Ambiente brasileira e mais 3 centenas de delegados de todo o mundo, 80 representantes, dentre eles o Brasil, assinaram uma nota que, dentre outras propostas ousadas, fala em adotar medidas concretas e efetivas para a implantação da economia verde indo de mudanças no regime financeiro e comercial internacional, compromissos para a criação e transição de empregos verdes e a adoção de novas métricas para o desenvolvimento.
É visível a distancia entre o discurso e a prática. O que dizer do financiamento massivo para a compra de carros deixando de lado investimentos em transporte público movido a eletricidade ou hidrogênio por exemplo?
A maioria dos países desenvolvidos já percebeu que estamos em um caminho sem volta e já está se estruturando para este novo momento. Entáo por que náo pular uma etapa e pensar fora da caixa ? Esse é o choque de gestão que o Brasil precisa.  A imprensa bem que poderia explorar um pouco mais este assunto.